Muito se fala da cultura ocidental, onde felizmente estamos
inseridos e onde se inclui os EUA. Mas a cultura europeia e a norte-americana
são dois mundos distintos. Embora aqui como lá, uma mulher possa conduzir,
votar, ser livre, no fim de contas, noutros assuntos a própria Europa não
consegue perceber o que vai na mente dos americanos. Um desses assuntos é o uso
e porte de armas. Não me entra na cabeça que do outro lado do oceano seja a
coisa mais normal do mundo ter uma arma em casa e, pior ainda, não haver idade
mínima para usar a tal arma (desde que seja acompanhado pelos pais, blá blá
blá). Num país que se diz tão civilizado, que “luta contra o terrorismo” (entre
aspas, porque “lutar”, sim, agora contra ou favor do quê é que preferimos não
saber), como é que ainda é válida uma lei datada de 1791 (a segunda emenda da
Constituição dos Estados Unidos)? Como é que ninguém consegue fazer frente ao
lobby do armamento, o NRA? Pressões e mais pressões, e pais idiotas
(desculpem-me o termo, mas esta é a palavra mais gentil que me vem à cabeça) que
põem caçadeiras nas mãos dos filhos, ou até que pedem a licença de porte de
arma para o bebé com apenas dez meses (sim, isto aconteceu em 2007, podem ler aqui).
“A posse de uma arma deve ser encarada como parte da
identidade dos norte-americanos”. Desculpe? Esta frase revolta-me tanto, não
faz sentido, sobretudo após tanto massacre naquele país. Mas tendo em conta que
existem mais lojas de venda de armas do que de alimentação e outras
necessidades primárias, a continuação da lei como está atualmente é o ganha-pão
de muitas pessoas e mais alimento para os peixes-gordos da economia
norte-americana. Vejamos alguns factos impressionantes e, a meu ver, bastante
perigosos:
- Nunca se venderam tantas armas nos EUA;
- Nos EUA, em cada 100 habitantes, 89 têm uma arma em casa. É
o país com mais armas per capita do
mundo, seguido pelo Iémen (54,8 armas por cada 100 pessoas) e pela Suíça (45,7
armas por cada 100 pessoas);
- A indústria do armamento movimenta 13,6 mil milhões de
dólares diretos e mais 31,8 mil milhões de dólares indiretos (cadeia de fornecedores,
distribuição e venda);
- O setor emprega quase 100 mil pessoas, com um total de 210
mil postos de trabalho indiretos;
- Em 2011, este setor pagou 5,1 mil milhões de dólares em
impostos.
Podem ver mais dados aqui.
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