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31.10.13

Mãe-Galinha

Sempre pensei que não tinha uma mãe-galinha. Desde pequenina que vou para colónias de férias, sem preocupações, sem telefonemas todos os dias. Fui para a minha viagem de Finalistas, no secundário, e liguei aos meus pais uma ou duas vezes durante essa semana. Não tive o meu telemóvel entupido de chamadas ou mensagens todos os dias (como acontecia a alguns amigos meus). Fui para a faculdade, onde vivia no Porto com colegas que conheci por lá (mas que se tornaram amigas do coração), trocava várias vezes mensagens com a minha mãezinha (sim, mensagem, SMS, a minha mãe é muito à frente :P ), para me dar as novidades, em geral, e eu também lhe dava as minhas, em geral. Nada de "então como estás?", "como correram as aulas hoje?", "já jantaste? Comeste as ervilhas que te mandei?", graças a Deus!

Quando ia de férias, ela apenas me pedia para mandar uma mensagem a dizer que cheguei. E eu lá mandava outras durante a semana, preocupação minha, até, de saber como estavam as coisas por casa...

Quando comecei a trabalhar, foi sempre preocupação dela fazer jantar a mais para eu levar no dia seguinte. Quando não sobrava, tinha sempre sopa no frigorífico, atum no armário. Achava eu que estas coisinhas não faziam da minha mãe "galinha".

Até hoje de manhã, quando a minha querida mãezinha descobriu que me tinha esquecido do telemóvel em casa. E não é que ela foi encontrar sabe Deus onde (deve ter sido na Internet...) o número do telefone fixo do escritório, ligou, pediu para falar comigo. Como estava em formação, deixou o recado amoroso: "Diga-lhe que ela deixou o telemóvel em casa, para ela não se preocupar quando for à mala e não o encontrar."

Mãe-galinha, admito, eu tenho uma mãe-galinha.
Mas ninguém imagina o quanto eu a amo, a minha mãe-galinha.

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