Agora que estou desempregada, continuo com o despertador, esse traste. Embora não seja para as 7.30 é para as 9.30. Tenho de obrigar-me a levantar-me, nem que não seja às 9.30, nem que seja só por volta das 11 horas. Mas tenho de me levantar sem a minha mãe me chamar. Posso não fazer nada da manhã (ou do que resta dela), mas o simples facto de “ter de acordar” parece que torna o facto de estar desempregada menos penoso. Porque se há coisa que odeio de morte na minha vida é o facto de estar desempregada. Ando a correr de um lado para o outro, mais para me manter ocupada do que outra coisa. É fazer as camas de todos os habitantes desta casa, é arrumar a cozinha 50 vezes por dia, é arrumar a roupa, é limpar armários e estantes, é de tudo um pouco. E, no mínimo uma vez por dia, lá ligo o computador, procuro, encontro, respondo a anúncios, envio cartas e currículos e espero.
Ando nisto há um mês. Pouco tempo, dizem vocês, vais encontrar alguma coisa, continuam vocês. Sim, hei-de encontrar. Agarro-me a essa esperança todos os dias, agarro-me também ao telemóvel, à espera que toque, que marquem entrevista, que a entrevista corra bem e que me chamem. Esta espera é horrível.
Sejamos sinceros, uma pessoa vai aguentando. E vai aguentando graças a dois factores: 1. Está a viver em casa dos pais; 2. Ainda há (algum) dinheiro na conta, mesmo depois de ter comprado as prendas de natal, mesmo depois de ter a mensalidade do curso de inglês paga até fevereiro. Sim, sou uma mulher poupada. O Mais-que-tudo costuma dizer que o meu dinheiro é “fêmea”: reproduz-se. Quem me dera. Se fosse assim, se calhar não andava tão afincadamente à procura de emprego!
Nestas alturas valem-me certas pessoas que, cada vez mais, sei que posso contar com elas. Vale-me a minha família, toda reunida como se quer nestas andanças natalícias (o meu papi está de volta!). E vale-me, como sempre, o incansável Mais-que-tudo.
(Meus amigos, não estou numa depressão profunda! E continuo a sair de casa, não se preocupem! Mas hoje não é um dia muito bom. O desabafo tende para o pessimista, desculpem-me.)
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