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15.5.15

Desabafos Ortográficos


Comecei a escrever com o Acordo Ortográfico em 2012. Mais precisamente a partir do dia 1 de janeiro de 2012. Foi opção editorial da entidade onde trabalhava e tivemos direito a diretrizes a explicar as mudanças, as regras, as exceções às regras. Uma grande confusão, resumindo. Não sou a favor desta "evolução", mas não tive grande escolha: acabadinha de ser atirada ao mercado de trabalho, lá aprendi novamente a escrever. Já me habituei ao "janeiro", ao "verão", ao "ótimo" e à "receção". Mas ainda me dá uma certa comichão a "minissaia" e todas as regras do hífen. Se isso me dá comichão, não queiram imaginar o que sinto ao escrever o verbo "parar" na terceira pessoa do singular. Já estou como o Ricardo Araújo Pereira: "Ninguém para o Benfica". E cada um que entenda como quiser!

Quando era pequena, era das alunas que raramente dava erros ortográficos, era das melhores nos ditados. Agora aflige-me poder estar a dar erros, que, na minha área profissional, são inadmissíveis. Já lá vão 3 anos a escrever com o novo acordo, e mesmo assim ainda há a dúvida nesta ou naquela palavra. Caraças, se eu, com 25 anos, continuo com estas dúvidas, imagine-se pessoas mais velhas ou, pelo contrário, crianças que, ainda há pouco, aprenderam a escrever de uma maneira e, toma lá que agora, vão ter de voltar a aprender a escrever "arquiteto", exceção" e "guardachuva".

Não sou dos radicais, dos "o acordo é uma aberração", dos "estão a matar a nossa língua". Apenas acho que a ortografia portuguesa estava muito bem como estava. Não vejo necessidade de mudança (vejo essa necessidade em muitas outras coisas, mas isso dava um livro!). Já era tão maltratada, vai continuar a ser e, pior ainda, já podemos ver coisas como "de fato" ou "contatos". E não, no primeiro caso não estamos a falar de uma indumentária masculina.

Posto isto, até tenho medo de ver os exames nacionais deste ano onde os alunos são obrigados a aplicar as regras do Acordo Ortográfico. Tendo em conta que até há pouco menos de uma semana, certos professores ainda elaboravam os enunciados dos testes sem o dito acordo... Haja coerência!

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